«Pensar/ Transferir/ Agir» – Entrevista com Diego Aramburo

Por Carolina Martinez
Nos últimos meses, o mundo inteiro contou uma história coletiva sem ter combinado nada antes. Geralmente, as diversas histórias e acontecimentos que ocorrem em lugares diferentes são reunidos sob uma narrativa comum que é interpretada como a realidade de um momento, espaço e tempo.
O programa «COINCIDÊNCIA», quer, neste momento, possibilitar o encontro de ideias, anseios, medos, críticas e diversas formas de expressão humana e artística para, em conjunto, discutir que novas formas, modelos e linguagens podemos projetar para um mundo pós-coronavírus.
O artista visual Felipe Castelblanco, o coletivo de dança Young Boy Dancing Group, a/o diretora/o de teatro e dramaturga/o Diego Aramburo, a plataforma editorial de arquitetura Transfer-Arch e a curadora do Arts @ CERN, Mónica Bello, compartilham, nesta ocasião, a sua visão frente a essa urgência através de seus pensamentos e ofícios.
A pandemia global da COVID–19 desencadeou uma crise sanitária que ampliou problemas sociais, políticos, econômicos e humanos, em geral, e nos levou a viver em constante estado de atrito, medo, alerta e incerteza. Um colapso, não apenas no campo da saúde, mas também no qual nossas crenças e paradigmas mais fundamentais foram deslocados e desestabilizados, submetendo-nos a uma adaptação coletiva e a uma mutação, na qual a conceitualização do presente e do futuro não pode ser pensada da mesma maneira. Mutação da percepção, consciência e realidade(s).
Embora flutuando na incerteza, é hora de agir, ação que inclusive faz parte da definição do real. Foi assim que o sistema da arte viu que sua forma e estrutura tinham que se transformar, pensando em outros futuros possíveis, tanto para a própria disciplina, prática e pensamento artístico, quanto para enfrentar essa distopia que já não vive apenas na ficção científica.
Uma passagem incômoda e dolorosa, mas na qual surge a oportunidade de preservar e aumentar a esperança desde esse campo, onde, ao longo da história, tem sido a poética da arte quem agrupou todas as outras práticas humanas para manifestá-las e oferecê-las à humanidade.
Nesse cenário, em que o confinamento tem sido uma das estratégias para superar a pandemia, a transferência de conhecimento e práxis teve que investigar outras formas de realizar o intercâmbio e experimentar outras relações de linguagens e formatos, servindo-se daquilo que já era conhecido e do que ainda não foi experimentado.

CAROLINA MARTINEZ: Estamos em um período de adaptação coletiva, em um momento em que já se pensoubastantesobre o impacto individual e global e onde estamos conseguindo enxergar alguma mudança. Podemos reconhecer algum risco nesse movimento? Onde e de que maneira ele se manifesta?
DIEGO ARAMBURO: De forma geral, os riscos evidentes são os da constituição de «democracias» cada vez menos democráticas, com restrições ao movimento e às liberdades, nas quais somos controlados por meio das tecnologias. Sociedades mais polarizadas em termos econômicos e até em relação à sobrevivência, e governos protecionistas de um localismo que vai se parecendo ao nacionalismo, com todos os riscos que ele implica.
Tudo isso pode ser constatado nas notícias sobre o que aconteceu na China e a implementação de aplicativos que oferecem nossas informações e privacidade a um mundo em que poucas pessoas, sejam elas governos ou empresários, têm o controle desse big data e os utilizam em benefício próprio e não daqueles que apenas funcionam como combustível para seus negócios.
Também vemos o fechamento de fronteiras e os maus-tratos de pessoas em situação de «trânsito forçado», como imigrantes e refugiados. Imigrantes que são obrigados a estar nessa condição devido à desigualdade econômica existente entre os países «desenvolvidos», resultante sobretudo da exploração dos recursos de países ironicamente denominados «em desenvolvimento», mas nos quais os caminhos possíveis para o desenvolvimento são constantemente usurpados pela assimetria que aumenta desde o genocídio até o sequestro do futuro, questões desencadeadas nas colonizações há mais de cinco séculos. E refugiados que precisam fugir de realidades convulsivas e violentas que são literalmente guerras inventadas pelos poderes estabelecidos e seus respectivos interesses, violência bélica da qual as sociedades «mais comuns» são vítimas, casualties, e nunca causa.
Também existe a polarização entre pobres e ricos, igualmente indisfarçável. E aqui falo de «países pobres» porque estão em situação cada vez pior «graças à ajuda» de organizações supranacionais como a ONU e a OEA, bancos internacionais e as políticas neoliberais com as quais insistem em entender e controlar o mundo que, em situações de calamidade como a que vivemos, fazem com que os que pagam pelo florescimento dessas economias continuem sendo esses países. Aqui não uso o eufemismo «em desenvolvimento», porque é preciso deixar claro que estes são países pobres cujas «vias de desenvolvimento» não são fomentadas, mas, ao contrário, impedidas pelas políticas internacionais. De fato, ao invés de falar sobre «países pobres», creio que devemos falar sobre países e regiões «empobrecidos» por essas políticas internacionais.
Isso fica claro quando analisamos a história do sistema da dívida externa e empréstimos e o das reservas internacionais dos diversos tesouros nacionais, cujas reservas são, na verdade, e já de entrada, roubos de nações empobrecidas. Graças a essas reservas usurpadas e a todo um sistema artificial de leis internacionais, estamos onde estamos, e falar de qualquer tipo de compensação ou reparação é recebido com sarcasmo e tachado de ignorância e absurdo histórico descabido e despropositado.
Mas, além disso, vemos esse aspecto da polarização econômica dentro de cada sociedade e país, e isso já inclui os países «desenvolvidos». O contraste entre bilionários e a classe média tem se tornado menos sustentável, sem falar dos bolsões de miséria já existentes. Já não podemos fechar os olhos para essa extrema contradição da qual inclusive usufruíamos, por meio do consumo de séries audiovisuais distópicas que nos ajudavam a normalizar o fato de que há um contraste desumano e imperdoável entre aqueles que morrem de fome na esquina de nossas casas e aqueles que gozam do acesso restrito ao teto, à comida e certos confortos mínimos da civilização ocidental, incluindo a Internet e plataformas que preenchem nossas mentes com esses produtos de entretenimento que normalizam e reforçam a distração ao observar essa polarização.
No que diz respeito à cultura e às artes, vejo um perigo em relação à banalização da «aproximação à» e do «consumo de» arte e cultura. Com o confinamento global, houve um suposto aumento do consumo da arte e da cultura, mas só agora começamos a entender que foi se tornando um novo passatempo em que óperas, peças de teatro e dança ou visitas a museus se transformaram simplesmente em mais um produto audiovisual. Por esse motivo, acredito que tanto artistas quanto autoridades culturais e plataformas de difusão da arte e do pensamento deveriam ser cautelosos e não negligenciar o efeito colateral que pode envolver a separação entre a experiência e o fazer artístico e, acima de tudo, de seu aspecto mais importante que é deparar-se com um instante de pensamento crítico da humanidade, em vez de apreciar produtos estéticos de entretenimento.
Além disso, em um momento em que a produção artística e cultural ajudou a manter a saúde mental durante o confinamento, viu-se que, quando se é preciso cortar fundos, o primeiro a sofrer é o campo cultural. Todos esses aspectos negativos são riscos aos quais precisamos estar atentos e que devemos colocar sobre a mesa, esperemos, sobre a(s) mesa(s) de discussão e negociação política e econômica global.
CM: A abertura daquilo que acontece nos campos da arte e da ciência e, em geral, do conhecimento, é possível graças à comunicação e, sobretudo, à transmissão, que é o que o «COINCIDÊNCIA» se propôs desde o começo do programa. Nesse sentido, a troca se manifestou em viagens, residências, exposições e outros projetos: instâncias que hoje tiveram que buscar uma reconfiguração. Diante desse novo cenário, como você acredita que poderíamos, hoje e no futuro, conseguir essa troca?
DA: É fundamental não cruzar os braços nesse sentido e incentivar programas como o «COINCIDÊNCIA». Acredito que a insistência na troca e na aproximação entre artistas é um passo inicial que permite que as respectivas sociedades realmente se abram para enxergar outras realidades, em vez de apenas consumir o próximo hobby através de imagens e histórias um tanto diferentes, uma vez que têm outras cores e origens em outras regiões do mundo. Em outras palavras, ter a oportunidade de vivenciar uma pequena e – esperemos – grande experiência de aproximação com a alteridade, graças a exercícios de atenção e escuta.
Acredito firmemente que é justamente o hábito oposto ao do simples consumo, isto é, uma leitura e interpretação internalizadoras diante de uma obra, o que leva o público à experiência e não a simplesmente passar o tempo. Isso permite a possibilidade de um verdadeiro encontro com aquilo que desconhecemos na alteridade e com o que ela tem para expressar, compartilhar e revelar. E isso leva artistas e sociedades a não caírem nas armadilhas e erros recorrentes que mencionei inicialmente.
Em termos práticos, devemos agora recorrer às tecnologias da comunicação como um primeiro passo, mas sem desistir, para que no futuro os encontros presenciais continuem a ser possíveis, pois, afinal, são os que tornam a alteridade real e tangível. Como já mencionei, acredito que o consumo de arte e cultura através da tela no período da quarentena mostrou que o filtro da bidimensionalidade facilita muito o distanciamento, inclusive da negação do que não experimentamos. Para reagir de alguma forma a alguma coisa, tivemos que ver os detalhes dos fatos mais descarnados (utilizo esse termo devido à presença da palavra carne, já que o fato é algo extremamente carnal e bruto), como o monstruoso assassinato de George Floyd. Além disso, deve-se ter em mente que foi a manifestação física, com corpos nas ruas, que impediu que governos, políticos e sociedades continuassem sustentando o negacionismo que abunda em relação às questões críticas por trás de um fato como esse.
É fundamental corporificar as alteridades, seus conceitos, experiências e visões de mundo para gerar empatia e abertura à diferença. Como digo, isso nos ajuda a não seguir o caminho da negação que parece ser a lógica generalizada no mundo atual, uma lógica perversa que devemos continuar combatendo, pois empobrece e torna nossas sociedades menos humanas e mais violentas.
Portanto, quais caminhos o «COINCIDÊNCIA» poderia seguir? Sem dúvida, reforçar sua ação por vias virtuais, sem deixar de lado as trocas físicas e, assim que possível, continuar a levar artistas suíços para outros lugares e convidar artistas de outros lugares para a Suíça, mantendo esse diálogo horizontal, uma das grandes e melhores características do programa. A ideia de superar e apagar fronteiras é algo fundamental que está no espírito do «COINCIDÊNCIA» e que também pode ser aplicado às linguagens da própria arte, promovendo uma abertura das mentalidades em seus autores e no público, em relação a diálogos e propostas artísticas abordados a partir da liminaridade linguística, o que provavelmente nos levará a pensar em formas diferentes e mais ricas de tecnologia e mídias de transmissão, que não submetam as criações a seus formatos, mas permitam um diálogo com e nas artes para promover encontros e não apenas «consumo».
Nesse sentido, é interessante que uma das muitas diferenças entre entretenimento e arte é que o primeiro facilita e colabora com o negacionismo, enquanto a arte faz o contrário: expõe, evidencia e questiona. Assim, o «COINCIDÊNCIA» tem muitas vantagens e pontos fortes nessa linha, algo que não pode ser desperdiçado.

CM: A instabilidade que cada um de nós está sentindo nostornaconscientes de nossa fragilidade, em que o futuro vai ganhando um novo significado. Paramos juntos e estamos vivendo um tempo que poderíamos denominar «de espera». Como esse presente se manifestou em seu trabalho? É possível pensar no futuro e, assim, imaginar novos contornos possíveis para os seus projetos?
DA: Penso nisso de várias maneiras. Primeiro existe a certeza da necessidade de continuar fazendo arte porque existem necessidades expressivas, pessoais e contextuais que sinto que preciso, devo e quero canalizar em minhas obras, criações e pesquisas. Talvez ainda em uma fase de levantamento e processamento de muita informação, vivências e estímulos, mas já estou começando a colocar isso no papel de alguma maneira.
Paralelamente, existe uma absoluta incerteza sobre se encontrarei os recursos mínimos necessários para concretizar projetos e trabalhos. Na Bolívia, o apoio à arte é tão escasso a ponto de não existir em certas cidades. Consigo sustentar meu trabalho artístico graças aos trabalhos que faço fora, seja quando sou convidado para criar e dirigir para teatros ou companhias fora da Bolívia, ou quando sou convidado para apresentar criações da minha companhia boliviana Kiknteatr em festivais internacionais. O que ganho nesses casos é o que posso reinvestir para continuar criando no meu país e sobreviver. Agora tudo isso está em espera, para não dizer em risco, dados os fechamentos de fronteiras, os cortes na cultura e as políticas restritivas nos já reduzidos orçamentos da arte e da cultura, priorizando necessidades locais e postergando a presença internacional.
Mas a necessidade de expressão continua existindo e vai procurando formas alternativas de sobreviver e resolver essa urgência criativa. E é aqui que os formatos digitais e mistos, entre digital e físico, passam a ser um assunto que me convoca e vai me dando imagens e imaginários, assim como a palavra está ocupando um amplo espectro do que vem à tona. É preciso imaginar futuros e acredito que as mentes artísticas são as mais aptas para sugeri-los. Devemos chamar a atenção e até puxar a orelha daqueles que têm as decisões em suas mãos. Acho que a arte tem meios para fazer isso, uma vez que a mídia, tradicional ou nova, mostra-se ineficaz nesse sentido, salvo algumas exceções que, no entanto, permanecem em espaços marginais, assim como as artes propositivas.
Pessoalmente, estou convencido de que minha arte sempre foi uma espécie de perturbação nas zonas de conforto e naquilo que é convencionalmente chamado de normal. Nesse momento, linguagens ainda mais afiadas deveriam adentrar a percepção do público: linguagens que deveriam questionar os meios digitais em que agora habitam preponderantemente, exatamente como antes questionavam o palco e a ficção.
CM:O sistema e o âmbito das artes visuais reagiram com muita rapidez ao configurar e explorar novas estratégias comunicacionais para enfrentar o distanciamento social e o fechamento de espaços culturais e galerias, entre outros. Algumas dessas implementações, sem dúvida, permanecerão após a pandemia e darão uma nova forma e visão à prática artística. Como as artes cênicas estão enfrentando essa crise? É possívelcriar novasformas de atuar ou realmente na sua área será preciso esperar?
DA: Além do que acabei de mencionar em relação a isso, acho que seria interessante considerar que o audiovisual tem um diálogo de longa data e várias arestas com o campo performativo. O cinema, nos seus primórdios, utilizou técnicas e linguagens desenvolvidas no teatro, tanto no que diz respeito à performance e ao corpo que sustentam a narrativa, quanto em relação à própria estrutura do relato e a transmissão audiovisual em si. Depois, fugindo do papel utilitário de outra linguagem, a prática cênica foi buscando suas especificidades para se distanciar do suporte audiovisual, mas à medida em que a tecnologia avançava, as artes vivas acabaram incorporando imagens em movimento como parte de seus recursos estéticos e técnicos para transmitir seus conteúdos, que, até então, haviam se concentrado muito mais no intimismo, na subjetividade e nas áreas de questionamento e crítica. Em outras palavras, há um diálogo de ida e volta no que se refere aos recursos que atualmente podem ser distinguidos como naturais para um ou para outro e deveria se permitir que esse diálogo seguisse seu curso, agora precipitado pela tecnologia e pelo conjunto de regras impostas pela pandemia.
Portanto, a questão central a partir de minha própria prática é qual é o próximo passo no diálogo entre performance, teatralidade e audiovisual? Por ora não saberia responder, mas acho que posso encontrar a resposta seguindo outra pista característica das artes cênicas e das artes vivas: o tempo. A coexistência é determinada pela simultaneidade em um espaço e tempo entre quem executa a obra e o público. Sabemos que o espaço é uma categoria que pode ser conceitualizada e não se refere apenas ao espaço físico, de modo que diversas formas de espaço podem ser comuns a quem propõe a obra e aquele que a processa (espaços mentais, imaginários e uma ampla variedade de outros construtos). Então, em relação ao tempo, acho que, se entendermos que o que favorece o encontro presencial é a qualidade do tempo e a atenção dada à alteridade, poderia se abrir um mundo de pesquisas sobre como favorecer a atenção do público para essas narrativas intimistas, subjetivas e críticas que evidenciam a alteridade e questionam o que acreditamos ser real e normal. E quando transpomos esse foco de estudo para uma criação feita para ser difundida através de tecnologias da comunicação, exige-se uma nova abordagem para do uso do audiovisual como meio, seja ele um núcleo ou parte de uma obra transdisciplinar. Mas tudo isso, eu insisto, sem abrir mão do encontro presencial e das obras com que se trabalha a partir daí.

CM: Você e sua práticaestão associados ao deslocamento detrabalhos culturais e conceituais, bem como de gênero. Como esses relatos, ligados também à política e ao território, podem viajar e transcender na troca? Como essas propostas são afetadas pelos novos regimes de controle, vigilância e isolamento?
DA: Era exatamente a isso que eu fazia referência antes. Mas acho que a vigilância e a censura de conteúdos não são impossíveis de evitar, seja através da poética ou de outras formas ocultas. De qualquer forma, o controle é algo que vem aumentando dramaticamente há muito tempo e sua tecnificação digital apenas o tornou mais evidente. Teremos que ser muito cautelosos com isso, mas essa parte não é um território desconhecido para mim.
O desafio é tocar sensibilidades menos acessíveis em sociedades cada vez mais voltadas para o individualismo como forma de alcançar a sobrevivência. Mas, por outro lado, temos a nosso favor o fato de já termos alcançado outro nível (negativo), e acho que há mais pessoas em alerta e percebendo que, se não questionarmos os conceitos com os quais a cultura ocidental nos manteve anestesiados, não chegaremos muito longe como espécie neste planeta.
Em outras ocasiões descrevi o que proponho em termos de conteúdo como «terrorismo conceitual». Algo que agora eu corrigiria, uma vez que as políticas de terror são monopólios dos Estados, juntamente com sua aparelhagem de propaganda e guerra, cujos efeitos, além de negativos, produzem paralisia e não quero paralisar nem percepções, nem mentes e nem vontades. Eu quero o contrário, quero que as pessoas façam coisas, sejam propositivas e críticas. Atualmente, eu descreveria meus conceitos e obras como alertas, ou até mesmo como atentados conceituais que vão contra a normalização e a estagnação, «atentados» que não são violentos, mas atentam contra alguma coisa: contra a minha própria paralisia e conforto.
O que nos resta é persistir e, enquanto não me deixar anestesiar, posso continuar vivo e não apenas no modo de sobrevivência. E para conseguir isso, certamente devo dobrar a carga de detonadores, refinar os dispositivos que utilizo para dispará-los e afiar a mira (contra mim mesmo), para que, assim, os poucos ou muitos «atentados conceituais» que me restam sejam eficazes e possam ressoar em mim, levando-me a outros lugares, outras compreensões e outras vivências menos limitadas de mim e do meu ambiente, e espero que esse movimento consiga de alguma maneira convidar as pessoas a não ficarem paradas.
