«Araucânia in Situ» Trop cher to share

Pode a flora ser considerada uma testemunha da história? O coletivo artístico interdisciplinar Trop cher to share, formado por Aldir Polymeris e Nina Willimann, partiu dessa questão para mapear o território chileno de Araucânia (na língua espanhola) ou Wallmapu (na língua mapundungun). Localizada no sul do país, essa região tem sido objeto de intensos conflitos em matéria de autonomia jurisdicional, recuperação de terras ancestrais, liberdade econômico-produtiva e reconhecimento da identidade cultural mapuche. 

Durante a residência de um mês, os artistas conversaram com botânicos, engenheiros agrônomos e florestais, um antropólogo, um biólogo, um Machi (curandeiro tradicional mapuche), um farmacêutico mapuche, um educador bicultural, políticos, agricultores e artistas. Eles visitaram florestas nativas, um viveiro de árvores, um herbário, mercados de agricultores, comunidades de descendentes de suíços e mapuches, uma escola de agricultura e silvicultura, reservas naturais e plantações florestais.

Esse olhar mais atento ao território atual forneceu aos artistas indicações claras dos históricos desequilíbrios de poder na região. Enquanto as espécies de rápido crescimento introduzidas durante a ditadura militar secam o solo, a perspectiva indígena não apena refuta a exploração indiscriminada da terra, mas também procura reconhecer a natureza como protagonista das organizações sociais. 

Trop cher to share desdobrará a pesquisa de Araucânia em um futuro projeto performativo, integrando vídeo e outras mídias, além de outros debates com especialistas.