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«Los Cuadernos Verdes de los Montes de María» – viagem de pesquisa de Mirjam Wirz na Colombia

Colômbia — Viagens de pesquisa

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Mirjam Wirz

Capa do caderno «Matuya»

Por meio de pesquisas artístico-arqueológicas realizadas no Caribe colombiano, Mirjam Wirz [CH] registrou, em texto e imagem, as memórias de lugares permeados pela música – e muitas vezes marcados por figuras femininas. Viajando pela região de Montes de María, a artista investigou esses traços ao fotografando moradores e coletando testemunhos.

O processo faz parte de «Cuadernos Verdes», uma série de cadernos impressos nos quais Mirjam reúne material visual e textual de sua pesquisa. A primeira edição, «Matuya», originou de uma viagem no início de 2022 em Las Mercedes, uma aldeia de 20 casas a cerca de uma hora de San Jacinto. Ela remontou aos anos 1960, quando um grupo de músicos residia na vila, e traçou a história desse lugar através da memória de seus habitantes.

Seis meses depois, ela continuou sua pesquisa, agora concentrada na compositora Betty Ochoa, que, em uma entrevista a Mirjam, lembrou as humildes origens da região:

“Meus pais eram pessoas muito pobres. Nenhum dos meus irmãos sabe ler ou escrever. Nossos pais nos criaram com o suor dos campos e nos ensinaram a trabalhar a terra. Eu e meu marido criamos nossos cinco filhos com nossas próprias forças. Nós não temos herança ou título. Isso é valioso. Como nossos músicos aqui em San Jacinto. Sem saber ler ou escrever, eles viajaram pelo mundo, ensinando o mundo sobre nossa música. Mostrando nossas raízes. Devemos valorizar isso. Agora vamos destacar o trabalho que eles fizeram e continuar com o legado que nos deixaram. Eles ensinaram muitas pessoas cultas, pessoas que estudaram para aprender nossa história. E nós escrevemos nossa história sem sequer saber ler ou escrever”.

A artista suíça conduz sua pesquisa por um método que ela chama de «Olhos Suaves». O termo se refere a uma cena da série americana «The Wire», quando uma personagem afirma que é preciso ter “olhos suaves” para ver em detalhes, formar novas conexões e mudar sua visão do mundo e, assim, desvendar com precisão um crime. No trabalho de Mirjam, ela tenta deixar as coisas no limbo por um tempo, como se sua compreensão do mundo desaparecesse, criando uma momento em que ela pode ver flashes de coisas impensadas e um local de abertura.

“Para meus projetos e a natureza de minha pesquisa, não há momentos melhores do que aquele de uma manhã no início de outubro: são 10 da manhã, estou sentada com Betty, seu marido e sua filha no pátio deles, tomando café. As árvores estão profundamente verdes por causa da estação das chuvas, Betty Ochoa está falando sobre música de cumbia, suas experiências com a composição, a poesia de seus textos de canções, como funciona a memória individual e como ela se conecta com a história e os anos traumáticos do conflito armado na região. Ela fala de seu grande amor com José Anillo, seu marido, que também é compositor, sempre carregando uma caneta no bolso do peito, porque nunca se sabe quando as palavras se moldam em uma melodia, sua filha Claudia está presente, ela está escrevendo poemas desde muito pequena – é uma casa de palavras, melodias, histórias e carinho”, descreve a artista.

Os testemunhos e imagens coletados em torno de Betty devem gerar outra publicação, e Mirjam pretende continuar sua pesquisa sobre os «Cuadernos Verdes». O processo, aqui, difere de «Sonidero City», série de livros sobre a cumbia em que ela vem trabalhando nos últimos dez anos. Enquanto em «Sonidero» a pesquisa é bastante direta, uma investigação levando à outra, em «Cuadernos» a artista trabalha como em um rizoma, uma rede de raízes sem uma origem única ou hierarquias, em que as narrativas das pessoas emergem e se entrelaçam com suas anotações.

SOBRE

Mirjam Wirz é fotógrafa, artista e pesquisadora nascida na Suíça. Ela viveu na Lituânia (2001-2009) e no México (2010-2018) e atualmente reside na Colômbia. Ela estudou fotografia e transdisciplinaridade na Universidade de Artes de Zurique e foi a organizadora do Flash Bar e do Flash Institut em Vilnius/Lithuania. Desde 2010, ela pesquisa música cumbia no México, na Colômbia e no Peru. Ela é editora e autora da série de publicações «Sonidero City», sobre cumbia mexicana, e do livro «Sobre el Río (Passage)», uma pesquisa ao longo do baixo rio Magdalena na Colômbia, em busca das origens da música de cumbia – e da série de publicações «Los Cuadernos Verdes de los Montes de María». Ela trabalha como editora fotográfica freelancer e atualmente estuda tradução.

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