«Orlando» Residência na Patagônia – Julie Beauvais, Horace Lundd e Natalia Chami
Argentina — Residências
«Orlando» é uma ópera, uma experiência imersiva que combina movimento consciente, vídeoinstalação, arquitetura e música ao vivo, tendo como base o romance épico de Virginia Woolf sobre uma figura andrógina. Para este trabalho artístico, Julie Beauvais coreografa movimentos lentos expansivos com sete precursores. Estes «Orlandos» de hoje incorporam o novo paradigma pós-binário em Berlim, Kinshasa, Marfa, Londres, Varanasi, Belo Horizonte, Lisboa, Chandolin e, após esta residência, Patagônia. Horace Lundd filma este gesto amplo e essencial na hora azul crepuscular, em um vasto cenário ao ar livre. Os arquitetos da EPFL (École polytechnique fédérale de Lausanne) criam um set que permite que os vídeos sejam projetados simultaneamente, lado a lado, conectando as sete linhas do horizonte em uma só. O partitura foi criada por Christophe Fellay e pode ser interpretada por qualquer músico em qualquer lugar do mundo.
ORLANDO from Julie Beauvais on Vimeo.
A residência artística na Patagônia ocorreu entre março e abril de 2019, e foi uma colaboração entre a suíça Julie Beauvais (diretora artística), Horace Lundd (diretor de fotografia), Natalia Chami (artista Argentina convidada) e a população da península Valdés, na Patagônia, Argentina. O objetivo principal desta viagem foi explorar novos lugares, à caça de vastos horizontes, ventos poderosos e «Orlandos», em preparação para futuras filmagem com protagonistas locais que, posteriormente, serão adicionados à perfomance existente. Esses elementos foram encontrados especialmente na península Valdés. Além disso, os movimentos expansivos de Natalia Chami e Valentina Bordenave já puderam ser filmados durante esta primeira residência.
Durante a viagem, os artistas foram convidados a dar um workshop na «Escuela Secundaria Patagonia Rebelde», a única escola de ensino médio em Puerto Piramides, uma pequena aldeia na extremidade da península Valdés. O encontro incluiu conversas sobre as ferramentas disponíveis para nós, enquanto indivíduos e artistas, em meio a crises políticas, sociais e econômicas, o desenvolvimento e processo criativo de Orlando, e o vento – o principal protagonista nesta parte da investigação do projeto. Ao final, uma dinâmica coletiva de consciência corporal deu um vislumbre da qualidade de movimento com a qual o projeto trabalha, enquanto filmado.
Julie Beauvais é uma artista suíça cujo portfólio de trabalhos varia de ópera, teatro e trabalhos coreográficos a intervenções arquitetônicas, vídeo-obras e instalações performáticas. Seus interesses em experiência incorporada, consciência e elevação guiam sua arte, que tem figurado em performances e exibições internacionais desde 2001.
Horace Lundd é um artista francês dedicado a postmedia, vídeo, performance, cenografia e à fabricação de um diálogo sutil com inúmeros artistas da atualidade. Suas obras são fundamentadas na encenação da construção social de gênero, focando tanto em estratégias de neutralização como na supervisibilização da natureza. O objetivo é eliminar a atribuição de identidades binárias herdadas de quadros cognitivos distintamente ligados a dominação masculina.
Natalia Chami é uma artista argentina que há uma década trabalha profissionalmente como artista, diretora e produtora de teatro. Ela é cofundadora da Companhia de Teatro lindalinda, graduada em Ciência Política, com mestrado em Educação, e com um certificado de pós-graduação da London International School of Performing Arts (LISPA) onde estudou teatro físico e «devised theatre» (teatro colaborativo).