«Resiliência: Residência Artística» – Mélia Roger na Silo [BR]
Brasil — Residências
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«Resiliência: Residência Artísitica» é um programa da Silo – Arte e Latitude Rural (uma organização dedicada à arte, à ciência e tecnologia) que oferece imersão em pesquisas e experimentações artísticas dirigidas a artistas, curadores e cientistas interessados em desenvolver seu trabalho em um espaço rural.
Para sua quarta edição, realizada em agosto e setembro de 2021, reuniu nove cientistas e artistas para trabalhar na Área de Proteção Ambiental da Serrinha do Alambari, no Estado do Rio de Janeiro [BR], e no planalto do Parque Nacional de Itatiaia, localizado a 2.791 metros de altitude, entre o Rio de Janeiro e Minas Gerais [BR].
Nesse ambiente, os residentes puderam trocar conhecimentos e encontrar conexões entre arte, ciência e sociedade através de pesquisas de campo, encontros e um estúdio aberto.
Uma destas participantes foi a designer de som Mélia Roger [CH\FR], cujo projeto consistiu na gravação de campo com diferentes conceitos e aparatos – como soundscapes e microfones de contato – na busca por intimidade e proximidade através da escuta dos pássaros, do vento, das folhas e das águas.
O processo foi parte de uma pesquisa mais ampla sobre escuta ambiental, e a residência resultou em um curta-metragem intitulado «Intimidade dos Líquens – Aparelho Sonoro para Escuta Empática».
“Sinto-me inspirada pela noção de ‘in-between” (‘entre’) desenvolvida pela pesquisadora de estudos sonoros Salomé Voegelin, como se o som pudesse ser percebido como matéria fluida, oscilando de ser em ser, sendo perturbado por afetos e poderes políticos.
O som, imaginado como um volume móvel, conforta a percepção sonora como um afeto, um objeto sônico carregado de emoção e empatia. Estando em posição de escuta atenta, nossos ouvidos se tornam atores para criar relações, abrindo a porta para conexões entre humanos e não humanos. Em ‘Staying with the Trouble’, Donna Haraway refere-se ao ‘Chthuluceno’ como conceito alternativo ao antropoceno e ao capitaloceno, para confundir as fronteiras entre as espécies e criar um problema em nosso entendimento hierárquico de um planeta dominado por homens brancos ocidentais.
Quero que meus microfones sejam atores nessa problemática, oferecendo uma nova posição para escuta de nosso mundo, de forma consciente. Meu entendimento de uma dicotomia entre humano e não humano pode ser um pouco binário demais e deveria seguir um caminho mais complexo, fluido, queer, ou sem fronteiras…, mas ainda estou buscando, por meio de minha prática, explorar esse ‘entre’, ao ‘ser tocada’ pelo estado instável de escuta de ambientes vibrantes.”
Notas de Mélia sobre o projeto
Mélia participou da «Resiliência: Residência Artísitica ao lado dos colegas residentes: Adriana Alves, Bruno Mota, Caroline Do Vale, Daiana Schröpel, Luana Vitra, Maria Palmeiro, Marina Hirota e Pedro Hurpia. O projeto foi apoiado pela Pro Helvetia América do, pelo Instituto Serrapilheira e pela Swissnex.
SOBRE
Mélia Roger é designer de som, trabalhando em filmes e instalações de arte. Ela tem formação em música clássica e possui mestrado em engenharia de som (ENS Louis-Lumière, Paris, FR). Ela desenvolve uma abordagem artística explorando gravações de voz e de campo, procurando intimidade e proximidade através da escuta. Ela agora vive entre Paris e Zurique, focando tanto a pós-produção de filmes quanto suas próprias obras artísticas.
Silo – Arte e Latitude Rural é uma organização sem fins lucrativos dedicada a criar e promover arte, ciência e tecnologia em áreas rurais, periféricas e de proteção ambiental, estimulando a troca entre técnicas intuitivas e conhecimento científico. A Silo trabalha por meio de experiências imersivas, transdisciplinares e práticas colaborativas. Atualmente está sediada na Serrinha do Alambari, uma APA (Área de Proteção Ambiental), localizada na Serra da Mantiqueira, na tríplice fronteira entre os estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. As atividades abrangem as comunidades locais e internacionais.