«Tech Art Lab [TAL]_ Sessão 1 _ Brasil – Suíça»
Brasil, Suíça — Eventos
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A tecnologia molda a sociedade contemporânea de forma sem precedentes. Utilizada por uma infinidade de razões e propósitos, da comunicação cotidiana ao lazer, do mecanismo de controle para orientar os pensamentos e liderar a política. Ela também nos ajuda a analisar a natureza e pode ser vista como nosso passaporte e nossa prisão dentro de sistemas, memórias e algoritmos.
«Tech Art Lab [TAL]_ Sessão 1 _ Brasil – Suíça» reflete as pesquisas dos artistas e curadores sobre como aspectos tão diversos e controversos podem ser colocados à frente através de obras culturais e artísticas. Com olhos críticos, diferentes pontos de vista são expostos ao público, questionando os atos e a representação da humanidade no mundo real e no mundo virtual, analógico e digital.
O projeto Tech Art Lab Sessions mostrou uma série de diálogos na web entre artistas e curadores que culminaram com a realização de uma exposição on-line.
A exposição pode ser vista no site do Harddiskmuseum e TAL.
Criada, dirigida e curadoria por Gabriela Maciel / TAL Tech Art Lab, conta com a colaboração do HarddiskMuseum. Esta primeira edição, Sessão 1 _ Brasil – Suíça, é apoiada pela Fundação Suiça para a Cultura Pro Helvetia no contexto de seu programa para a América do Sul «COINCIDÊNCIA» e conta com a participação de dois artistas baseados na Suíça: Katrin Niedermeier e Till Langschied, juntamente com dois artistas brasileiros: Gabriel Junqueira e Guilherme Gerais.
SOBRE OS ARTISTAS e LAS OBRAS
Gabriel Junqueira
«Archviz Habitat» é a abreviação de Architectural Vizualization (Vizualização arquitetônica). «Archviz Habitat» é um vídeo de canal único criado por Gabriel Junqueira; feito com softwares de visualização arquitetônica 3D que são comumente usados em empreendimentos imobiliários para representar e simular estruturas ainda a serem construídas. Inspirado pela arquitetura corporativa e conceitos paisagísticos, o artista cria um local impossível, onde elementos figurativos são rearranjados levando à abstração. Fragmentos de matéria orgânica gerada digitalmente crescem dentro das paredes móveis de um edifício afundado e uma floresta tropical toma conta de estruturas de concreto construídas por humanos. No «Archviz Habitat», o espaço entre a arquitetura e a paisagem se esbate até se fundir em um único corpo: a coexistência em meio a um lugar impossível que tenta evocar um futuro possível.
Guilherme Gerais
O «Mr.Chao» foi desenvolvido por Guilherme Gerais no início dos anos ’00 como parte de uma nova geração de máquinas de computador, mas que surpreendentemente desapareceram dos servidores por um certo tempo. Recentemente, sua presença foi detectada em clusters de gigantes centros de dados. Guilherme Gerais tem sido seu interlocutor desde então, investigando seu armazenamento de dados e fazendo entrevistas com a IA sobre seu interesse peculiar nas múltiplas dimensões da vida na Terra. Por enquanto, temos um vislumbre de uma das descobertas do «Mr.Chao», um pequeno grupo de «Esculturas de Pólen». Questionado sobre o tema, o «Mr.Chao» respondeu enfaticamente “porque nos faz refletir, pensar e sentir em múltiplas escalas, aquelas que desorientam a visão homogênea que rege a grande maioria dos seres humanos”. Em 2019, Gerais organizou a publicação do livro «The Best of Mr.Chao – A Futurologist Collection», assim como uma exposição com nome homônimo. Foi o primeiro vislumbre do arquivo do «Mr.Chao», que compreende textos ainda descobertos, vídeos, imagens, publicações e outros arquivos escondidos, que serão conhecidos como as conversas entre os dois.
Katrin Niedermeier
O novo trabalho de Katrin Niedermeier, intitulado «idle idol sweat shop», ecoa os métodos das cadeias de alimentação dos consumidores, utilizando o corpo, o item e a imagem como conchas e recipientes. É para ser preenchido com experiência e significado, ou melhor dito, como conhecimento, produzindo inteligência e ídolos futuros que influenciam toda nossa vida no mundo analógico, bem como no digital. Estas peças caracterizam poses ociosas que são executadas por um dançarino profissional em movimento em camisolas recém produzidas e tricotadas. Cada camisola e seu motivo tricotado é desenvolvido e inspirado por personagens digitais, avatares, seu ambiente fictício e imagens previamente adquiridos, mas também por palavras explícitas retiradas dos recibos dos contratos e licenças dos avatares. Os espetáculos, as lojas e os vídeos de Katrin em várias camadas desta série podem ser vistos como retratos abstratos de cada item vendido. Eles são preenchidos com significado e devem ser experimentados por funcionarem dentro de estruturas normativas e não disruptivas. Isto se aplica ao reproduzir estereótipos ‘femininos’ de presença online e sua produção de imagem usando software de consumo prontamente disponível, copiando esta metodologia para diferentes aspectos deste trabalho artístico.
Till Langschied
Till Langschied refere-se aos primeiros tempos da Internet como uma maneira de descobrir como acabamos com a realidade digital que encontramos hoje em dia. Um de seus interesses dentro desta pesquisa são os gifs do final dos anos 90 e início dos anos 2000, que eram usados em sites pessoais antes do surgimento das mídias sociais. Estas antigas imagens animadas são manipuladas com software de animação 3D de última geração e usadas como texturas e personagens em seus vídeos curtos, criando uma falha assombrosa entre passado e presente. A maneira de Langschied de olhar para a Internet primitiva tenta entender como ela evoluiu e, ao mesmo tempo, questiona se os humanos podem acompanhar as rápidas mudanças da tecnologia. Diz-se que é preciso conhecer o passado para entender o presente.